A Polícia investiga se os ataques a ônibus ocorridos nesta semana em
Minas Gerais estariam ligados a um grupo de presos supostamente membros
de uma facção criminosa. Na noite de quarta-feira (27), dois veículos
foram incendiados, totalizando quatro ataques a coletivos nesta semana.
Em um carta deixa em um dos veículos, os criminosos ameaçam queimar mais
seis ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte, até sábado (30).
As ações seriam represálias à varredura, realizada pela Seds (Secretaria
de Estado de Defesa Social), na Penitenciária Nelson Hungria, em Nova
Contagem, nesta semana, para apreender celulares, drogas e armas. Dos 16
suspeitos, apenas um está preso.
Por causa das ameaças de novos ataques, todos os batalhões da Polícia
Militar da região metropolitana reforçaram, desde quinta-feira (28), as
rondas nas linhas do transporte coletivo. As ordens para queimar ônibus
estariam sendo dadas por telefone por presos da facção, que estão na
Nelson Hungria, segundo informações da Polícia Civil.
O Comando da Polícia Militar alega que os ataques são um ato de
vandalismo. Entretanto, as investigações feitas pela Polícia Civil
apontam como responsável pelo incêndio a um ônibus da Linha Ipê Amarelo,
em Nova Contagem, na terça-feira, Eliza Camões Batista, 50 anos, mulher
de um preso que faria parte da facção e que está na Nelson Hungria.
O nome do detento não foi divulgado para não atrapalhar as
investigações. Na casa da mulher, os militares encontraram três tabletes
de maconha e um celular com telefones de pessoas do Rio de Janeiro e
São Paulo.
Um dos ataques a ônibus na noite de quarta-feira ocorreu em Vespasiano e
outro em Belo Horizonte. Os criminosos renderam os motoristas e
cobradores e, em seguida, atearam fogo nos veículos, que ficaram
parcialmente destruídos. “Caso a diretoria da Penitenciária Nelson
Hungria não fosse trocada, a repressão iria continuar”, esta era uma das
frases de um bilhete deixado no ônibus que queimou no Bairro São Luiz.
Outro trecho do bilhete dizia: “se continuar nos reprimindo vamo bota
(sic) fogo nos ônibus e vamos matar”.
De acordo com o assessor de comunicação da PM, capitão Gedir Rocha,
designado pela Seds para falar sobre os crimes, as ações estão sendo
tratadas como casos isolados de vandalismo, apesar dos indícios de que
tenham relação com as operações na Nelson Hungria.
- A polícia trabalha com quatro fatos de vandalismo isolados. Eles
estão sendo investigados pelo nosso setor de inteligência e pela Polícia
Civil. A carta será periciada e poderá ajudar a esclarecer os fatos.
Com informações do R7.com